segunda-feira, julho 13, 2009

por elise

- Eles chegam a pesar 1,5kg
- dói, dói muito
- alecrim hortelã alecrim hortelã alecrim hortelã alecrim
- chamuscado
- se ele te alcança..
- cuidado.
- deixa eu cuidar de você.
- eu deixo.
- ou talvez não..
- tu é vago como se fosse nada
- não era tudo?
- ..era vago como se fosse nada..
- finalmente, o que ele te disse?
- Com palavras?
- Também.
- Era mais ou menos assim:

“Cuidado.
Cuidado com o que toca,
com o que planta no mundo.
Com a capacidade que a gente tem de se envolver com as coisas.
Com o amor,
que espanca doce.
Cuidado.
Não adianta fingir que não sente.
Gente sente tudo, se envolve com tudo.
Sou eu que estou pedindo isso.
Façam isso por mim.
Não se envolvam tanto.”

- de repente, não consegui mais..
- notei. eu notei mas fingi que não te via. O vinho já tava pegando, sabe. Era a chuva, a fumaça, era o olhar dela em mim e um "a gente" que não cabia.
- você parecia procurar por palavras, e eu me perdi.
- mas teu silêncio me doeu, doeu mais do que a frieza lá de fora. você usava o casaco cor-de-rosa e pediu pra mim um trago do cigarro, como se não fosse mais teu, nunca tivesse sido: teu cigarro, teu amor.
- não foi por ela..
- se tivesse sido talvez eu soubesse agora que não te amava mais
- não me diz. onde você mora agora? além daqui?
- No turvo seco de uma casa esvaziada da presença de um dragão
- pensei que a metáfora do dragão fosse tua
- e é. mais minha que sua. mas o cheiro é o teu, sempre foi.
- cheiro se dilui..
- você não.
- como não? você ainda me vê inteira? tem certeza?
- guardo comigo alguns dos teus pedaços completos, é relativo.
- perdi esse dom, de acreditar, se é que um dia..
- que seja doce, lembra?
- que seja! doce era tua voz mansa, a paciência com os tomates..
- recolher e tratar as sementes..
- fake plastic trees no toca-fitas dói um pouco mas passa rápido
- a tua poesia com a minha não mente