terça-feira, novembro 14, 2006

a cultura do medo

Como se já não bastasse 1984,
V de vingança,
Bush
e a bomba atômica,
o medo,
sim, ele mesmo,
sem máscara e sem vergonha,
me acompanhou a semana inteira.

até no meio das pedras
lá bem longe
e parecia que o longe só fazia acirrar.

a luz não consegue clarear a si própria.

e eu deixo de ir à praia,
perco uma nova oportunidade de saborear o mar.
e mesmo sabendo que mar tem todos os dias,
todo dia é diferente.

e sei também que numa dessas ondas
a gente pode se encontrar
(ou se perder, que nesse caso talvez fosse melhor)

a menina na praia..
eu podia sentir seu coração batendo forte
e observava
e me sentia até mal
por que eu entendia toda sua alma naquele momento
e ela estava nua,
nua e eu podia vê-la em seus mínimos detalhes.

o coração acelerado
e um frio na barriga que já sentira tantas vezes
mas agora era diferente.
ela teve medo.
sei que se não fosse isso
já teria corrido e se atirado,
mas os minutos passavam e o coração já não conseguia segurar.

a casa era longe
(o mar não)
e até chegar lá podia pensar,
mas..
pensar o quê?
no que diria
ou no que gostaria de dizer?

mas o garçon chamou,
gritou meu nome
e a Itália sorriu.
ao voltar meus olhos,
graças a deus,
ela já não estava mais lá.

e talvez eu a encontre daqui há alguns anos
num daqueles botes salva-vidas depois do navio afundar
ou em terra firme,
na montanha,
no gelo..

ela é grande
e Israel, veja bem, fica perto.

o mundo
cabe na palma da mão.

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