segunda-feira, novembro 09, 2009

nessa cor que me conheço

Era a primera vez que sentia vontade de ligar, assim,
do nada,
só pra dizer que tinha visto o mar.
Bobagem, por que ela via o mar todo dia..
e ligar, assim,
às seis horas da manhã
nem parecia justo,
nem parecia são.

Então conteve,
por que era assim que tinha aprendido a sobreviver há tantos últimos anos,
e diziam com tanto orgulho ao vê-la caminhar agora mansamente pela vida:
"isso sim, é crescer".

Então um dia, depois de 02 ônibus, 37 graus, almoço de R$4,53 com colegas de trabalho de 30 anos de experiência na empresa..
ela ouviu.

eu não me espanto
com a terra sendo
a estrela de alguém.


Talvez tenha sido esse momento,
talvez já desde manhã que o peito palpitava diferente,
depois daquele sonho bobo, ridículo,
que agora ela recordava..
e nem sequer tinha entendido direito
negócio estranho de "é só dar as mãos que o coração também entra em compasso".

eu ando perto, muito perto..

Depois vinha um abraço, aquele abraço que de vez em quando
- tinha que ser justo na aula de física! -
ela sentia sem nunca nem ter sentido
e vinha a vontade de sentir então, finalmente,
de ligar de novo pra ele,
mesmo sem saber o que dizer,
nem havia..

..que a distância e o tempo vestem a terra..

e apesar de toda literatura culta e todos os textos e grifos e toda a academia que engolia sem ter tempo de mastigar, de repente Roberto Carlos não parecia tão bobo,
boba era ela..

e como era bom!

segunda-feira, novembro 02, 2009

aurora




é pela porta da frente que a cor do teu som invade a sala,
dança comigo tango porteño a noite inteira..

em minha boca
amanhece o sorriso
que ontem tu me anoiteceu

e perco o fôlego,
e dessa forma eu faço mais sentido,
quando vejo nas linhas imaginárias da tua pele
a poesia inteira que não tenho escrito,
por que, mais que nunca,
hoje,
ela sou eu.